Formada no início de 1978 em Bristol, a Essential Bop nasceu como um experimento sonoro e visual que transitava entre o pós-punk, o art rock e a psicodelia sombria. Idealizada por Dave Robinson (baixista que havia tocado com nomes como Champion Jack Dupree e Joe Cocker), a banda surgiu com uma formação bastante eclética: Steve Bush (voz, ex-The Biros), Mike Fewings (guitarra, vindo do The Cortinas e Colortapes), Simon Tyler (teclado, da obscura Dragon Sandwich), Nick Tufnell (bateria) e o “visualista” Seng-gye Tombs Curtis.
Um personagem tão enigmático quanto o próprio som da banda. Segundo Bush, o nome original seria Essence of Bop, mas logo condensaram para o mais direto Essential Bop.O primeiro registro da banda veio com a faixa “Chronicle”, parte da icônica compilação Avon Calling (1979), um verdadeiro retrato da fervilhante cena de Bristol naquela virada de década. Logo depois, com algumas mudanças na formação, lançaram o EP Eloquent Sounds em 1980, pelo selo próprio Monopause.
O disco chamou atenção de Paul Morley, crítico da NME, que apostou que o Essential Bop seria uma das bandas promissoras dos anos 80 uma profecia que, embora não se concretizasse nos grandes palcos, ecoa como um sinal do culto que a banda viria a ganhar.
Em 1981, já sem guitarras, a banda reapareceu como um quarteto e gravou duas faixas para a terceira edição do projeto Bristol Recorder, além do single “Croaked / Butler (In Running Shorts)”, novamente via Monopause. O compacto teve algum destaque nas paradas independentes de Nova York, o que levou o grupo a realizar uma turnê pela costa leste dos EUA naquele verão. No entanto, após o retorno ao Reino Unido, a banda acabou encerrando suas atividades.
O single inédito “Monkey Glands” nunca foi lançado formalmente, mas apareceu nas duas coletâneas posteriores da banda. Outra faixa que ressurgiria foi “Mau Mau”, gravada em 1981 por integrantes do Art Objects/Blue Aeroplanes, bandas irmãs dentro da cena, e que figuraria posteriormente na fita/CD Weird Shit. Gerard Langley, mentor dos Blue Aeroplanes e colaborador recorrente de Bush desde os tempos do The Biros, escreveu no encarte de Avon Calling que o Essential Bop era como “fãs secretos dos Doors com um ressentimento engasgado”.
Em 1984, Bush e Tyler reativaram o projeto em Londres ao lado de Mike Fewings (agora no baixo) e Martin Kiernan (bateria). Dessa fase saiu o único LP da banda, The Flick Was Boss, lançado pelo selo TSAR. O disco reuniu faixas de várias fases e formações (1979–1981), além de duas inéditas de 1984. Um ano depois, o Essential Bop encerraria definitivamente suas atividades.
Décadas depois, o selo Bristol Archive Records resgatou esse capítulo soturno da música inglesa com a coletânea Chronicles (2008), que mescla gravações de estúdio e ao vivo. Já a sequência da compilação Avon Calling (2010) traria a obscura “Audition Room” de volta aos ouvidos atentos.Em 2016, rumores davam conta de um possível álbum ao vivo com registros do final dos anos 70 e início dos 80, mas até hoje o material permanece inédito.
Após o fim da banda, Steve Bush manteve viva sua veia criativa em colaborações com Christian Clarke (dos Various Artists e Art Objects). A dupla, que operava sob os nomes Bush & Clarke ou A Pair of Blue Eyes, lançou o disco Allergies, com produção de ninguém menos que Stephen Street, conhecido por seu trabalho com The Smiths, Blur, The Libertines e Morrissey. Aliás, foi Street quem indicou Andrew Paresi como baterista para a dupla, que mais tarde integraria a primeira banda solo de Morrissey.
Bush também lançou o disco solo Blossom Freak (Green Goat, 2001) e, ao lado de Fran Fey, os álbuns Row of Ashes e Earl Grey and Leather (2016), ambos pelo mesmo selo. Sempre à margem, mas nunca alheio, Steve Bush segue como uma presença inquieta da música independente britânica.
Discografia
The Flick Was Boss 1984
Chronicles 2008
Singles & EPs
Eloquent Sounds 1980
Croaked 1981
Chronicles - The Post Punk Years 1979/1984 2018
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