A década de 1980 no Brasil foi um período de ebulição cultural, marcado pela transição da ditadura militar para a redemocratização. Nesse contexto de efervescência e questionamento, floresceu uma rica e diversificada cena pós-punk, ecoando as tendências internacionais do gênero, mas absorvendo as particularidades do cenário brasileiro.
O pós-punk brasileiro não foi um movimento homogêneo, mas sim um caldeirão de influências que iam do rock gótico e da new wave ao punk original, passando por elementos da música brasileira e da literatura.
As bandas dessa época compartilhavam uma atmosfera sombria e melancólica, expressando angústias existenciais, críticas sociais e políticas, e um certo desencanto com o otimismo ufanista da época.A experimentação sonora era uma marca registrada, com o uso de sintetizadores, guitarras com efeitos, baixo pulsante e baterias marcadas, criando texturas densas e atmosferas carregadas.
Para ilustrar a riqueza dessa cena, menciono diversas bandas que marcaram época, organizadas por suas nuances sonoras e temáticas.
É inevitável começar por São Paulo, onde a estética cinzenta da metrópole se encaixava como uma luva na proposta pós-punk. A cidade viu nascer bandas essenciais como:
As Mercenárias: Formada por mulheres, a banda trazia uma sonoridade agressiva e letras fortes, abordando temas como feminismo e crítica social com uma perspectiva única dentro da cena. Feroz e politicamente afiada, a banda deixou um legado visceral com álbuns como Cadê as Armas?
Chance – liderada por Sandra Coutinho (também da Mercenárias), explorava texturas e batidas marcadas.
Cabine C: Com uma sonoridade sombria e letras introspectivas, a banda paulistana explorava o lado mais melancólico e gótico do pós-punk.
Fellini: Liderada por Thomas Green Morton, a banda misturava o pós-punk com elementos de art rock e psicodelia, criando uma sonoridade única e experimental.
Violeta de Outono: Com sua sonoridade atmosférica e psicodélica, a banda criava paisagens sonoras etéreas, com forte influência do dream pop e do pós-punk.
Voluntários da Pátria – com letras críticas e um som direto, se aproximavam do pós-punk britânico.
Akira S e as Garotas que Erraram – experimentalismo eletrônico e uma estética andrógina que flertava com o industrial.
Smack – sujo, cru e urgente, um dos grandes expoentes do lado mais garageiro do pós-punk.
Vzyadoq Moe – cultuada pela sonoridade dissonante e atmosferas densas com seus experimentos, estilo pós-punk holandês (ultra).
Patife Band – liderada por Paulo Barnabé, mistura de pós-punk, dodecafonismo e caos urbano.
Harry – atmosférica, densa, com influência de coldwave e letras em inglês.
Eskimo – som gélido e sintetizadores minimalistas, fortemente influenciada por bandas como Tuxedomoon.
Nau – mais conhecida por ter Vange Leonel nos vocais; som denso, com forte crítica social.
Kafka – obscura e influenciada por literaturas existencialistas e sonoridades frias.
As Garotas do Centro foram uma banda pós-punk formada em São Paulo em 1985, com uma sonoridade marcada por minimalismo e forte presença performática. Seu som carregava um ardor internacional para fazer um trocadilho com seu Hit.
Zero-formada em 1983, é considerada uma das precursoras do movimento New Romantic no Brasil, inicialmente com uma sonoridade pós-punk que evoluiu para um art rock com influências da new wave. Liderada por Guilherme Isnard, emplacou hits como "Heróis" e "Agora Eu Sei" nos anos 80.
Varsóvia- ativa na primeira metade dos anos 80, era fortemente influenciada pelo pós-punk sombrio de bandas como Joy Division, com letras introspectivas e melodias melancólicas.
As Virgens Lagarto- foram uma banda paulistana ativa no início dos anos 80, caracterizada por uma sonoridade pós-punk com letras ácidas e performances teatrais, marcando uma presença peculiar na cena underground da época. Com influências do rock gótico do The mission.
Pompas Fúnebres - foi uma banda paulistana do início dos anos 80, fortemente influenciada pelo pós-punk sombrio e gótico, com letras niilistas e uma sonoridade densa e melancólica.
Gang 90 & Absurdetes-foi uma banda seminal do pós-punk e da new wave brasileira dos anos 80, liderada pela carismática Fernanda Abreu. Com letras irônicas e melodias dançantes, misturavam influências do pop com a atitude transgressora do pós-punk, deixando hits como "Perdidos na Selva".
Poetas Condenados- foi uma banda paulistana do início dos anos 80 que, antes da formação do Balcma, já explorava uma sonoridade pós-punk com letras carregadas de poesia urbana e um clima melancólico. Essa fase inicial pavimentou o caminho para a sonoridade mais elaborada e teatral que o Balcma viria a desenvolver posteriormente.
Os Idas e os Voltas- foram uma banda paulistana do início dos anos 80 que transitava pelo pós-punk e pela new wave, com letras que frequentemente abordavam temas urbanos e relacionamentos de forma peculiar. Sua sonoridade combinava elementos melancólicos com toques de experimentalismo, marcando uma presença discreta, mas interessante, no cenário underground da época.
Maria Angélica Não Mora Mais Aqui foi uma banda pós-punk de São Paulo, ativa no início dos anos 80, conhecida por suas letras poéticas. Sua sonoridade melancólica e atmosférica, com influências do pós-punk europeu, marcou uma breve mas intensa passagem pelo underground paulistano. Destaque para o hit (absinto-me ).
No Rio, cuja tradição musical era marcada por outros ritmos, o pós-punk encontrou um nicho mais restrito, porém muito criativo:
Ethiopia foi uma banda de pós-punk do Rio de Janeiro formada por Pascoal Ferrari (voz), Pollo Rios (guitarra), Vicente Tardin (baixo) e Lúcio Agra (bateria). Com uma sonoridade sombria e melancólica, a banda deixou sua marca na cena carioca dos anos 80 com composições densas e arranjos minimalistas.
Hojerizah surgiu no Rio de Janeiro nos anos 80, misturando pós-punk, new wave e um certo lirismo pop que a diferenciava das bandas mais sombrias da cena. Com letras introspectivas e guitarras etéreas, flertava com a estética britânica sem perder o sotaque carioca. Seu disco homônimo de 1988 é considerado um clássico cult do rock alternativo brasileiro.
Picassos Falsos – que embora mais ligados ao rock alternativo, traziam influências claras do pós-punk.
Black Future – misturava elementos de synthpunk e crítica social pesada.
Minas Gerais: A Melancolia mineira
Belo Horizonte se revelou um celeiro de bandas underground que exploravam a melancolia e o existencialismo em suas músicas, conferindo uma atmosfera particular ao pós-punk mineiro:
R. Mutt- foi uma importante banda de pós-punk de Belo Horizonte, ativa nos anos 80, crucial para o movimento independente mineiro e inspiradora para uma geração. Com letras introspectivas e uma sonoridade que dialogava com o pós-punk europeu, deixou um legado no underground da capital mineira.
Divergência Socialista- foi uma banda pós-punk de Belo Horizonte, ativa nos anos 80, marcada por letras com forte teor político e social, alinhadas a uma sonoridade experimental e por vezes minimalista. Liderada por Marcelo Dolabela, transitou por diversas formações e deixou um registro importante no underground mineiro com sua postura engajada e sua sonoridade peculiar.
Sexo Explícito: Banda cultuada que combinava crítica social, poesia urbana e guitarras ásperas, criando um som único e impactante.Divinil: Outra banda obscura, porém essencial para compreender a profundidade e a diversidade do cenário underground mineiro da época. O Último Número: Caracterizavam-se por um som denso e um clima opressivo, com evidentes ecos de bandas como Joy Division e Bauhaus.
Sul do País: O Pós-Punk Meridional
A região sul, especialmente Porto Alegre e Curitiba, ofereceu um terreno fértil para o pós-punk, talvez influenciado pelo clima mais frio e pelas tensões sociais da época, resultando em sonoridades densas e letras carregadas:
Os Eles: Uma banda obscura e experimental, distante do mainstream, que explorava sonoridades incomuns e atmosferas carregadas.Escambau: Um projeto curitibano que se dedicava à exploração de atmosferas densas e sombrias, características do pós-punk.
Outras Pérolas Espalhadas pelo Brasil
Além dos grandes centros, o cenário pós-punk brasileiro também floresceu em outras regiões, com bandas que, apesar da menor visibilidade na época, hoje são cultuadas por sua originalidade:
Hombres (DF): Criavam uma atmosfera soturna e introspectiva em suas músicas, com letras de forte teor existencial.Analfabitles (PE): Misturavam a sonoridade do pós-punk com influências regionais, resultando em uma identidade sonora peculiar.
Mundo Livre S/A (fase inicial): Antes de se tornarem expoentes do manguebeat, sua sonoridade inicial era mais ligada ao pós-punk.
Detrito Federal – embora punk de origem, algumas faixas mergulhavam no pós-punk.
Liga Tripa – experimentalismo e performance, com letras oníricas e sonoridade abrasiva.
Arte no Escuro – rock melódico e melancólico, com grande apelo na capital federal.
Elite Sofisticada – misturava humor ácido e climas new wave/post-punk.
Finis Africae- formada em 1984, misturava o pós-punk com letras que por vezes flertavam com o existencialismo, alcançando notoriedade com a canção "Armadilha".Marcou presença no cenário underground dos anos 80.
5 Generais- foi uma banda de pós-punk de Brasília, ativa nos anos 80, conhecida por suas letras críticas e engajadas, embaladas por uma sonoridade crua e direta, característica do cenário underground da capital federal na época. Vale lembrar o cover numa versão em português da (Marian) do Sisters of Mercy.
As coletâneas "Não São Paulo", "Rumores" e "Cemitério dos Elefantes" são importantes registros do cenário pós-punk e underground brasileiro dos anos 80, cada uma com seu foco geográfico e proposta:
"Não São Paulo": Lançada pelo selo Baratos Afins, essa coletânea visava apresentar bandas que, apesar de fazerem parte da cena pós-punk, não se encaixavam no eixo Rio-São Paulo, buscando mostrar a diversidade e a riqueza da produção musical alternativa em outras regiões do Brasil. Inspirada na cena "No Wave" de Nova York, trazia bandas com sonoridades experimentais e atitudes independentes.
"Rumores": Produzida de forma independente em Brasília e lançada em 1985 pelo Sebo do Disco, essa coletânea é um marco do rock da capital federal. Ela apresentou ao Brasil bandas que estavam fora do circuito mais comercial Rio-São Paulo, como Escola de Escândalos, Finis Africae e Detrito Federal, mostrando a força e a originalidade da cena pós-punk brasiliense que viria a influenciar o rock nacional.
"Cemitério dos Elefantes": Essa coletânea, lançada em 1989, focou na cena underground de Curitiba, apresentando bandas que exploravam sonoridades pós-punk com uma atmosfera muitas vezes sombria e experimental, refletindo o clima e as tensões sociais da região sul. Ela ajudou a documentar e divulgar a produção musical peculiar e criativa que florescia fora dos grandes centros do país.
Uma explanação sucinta acerca de cada banda da (Cemitério dos elefantes):
Beijo AA Força
Com duas faixas na coletânea “Homem de Ferro” e “Diário de um Palestino”.O Beijo AA Força apresenta um som cru e direto, com letras provocativas e uma pegada que transita entre o punk e o pós-punk.
Com duas faixas na coletânea “Homem de Ferro” e “Diário de um Palestino”.O Beijo AA Força apresenta um som cru e direto, com letras provocativas e uma pegada que transita entre o punk e o pós-punk.
Ídolos de Matinê
As músicas “Vamos Separar os Estados Unidos da América” e “O Inimigo” demonstram o estilo sarcástico e politizado da banda, que mistura crítica social com uma sonoridade que remete ao pós-punk britânico.
As músicas “Vamos Separar os Estados Unidos da América” e “O Inimigo” demonstram o estilo sarcástico e politizado da banda, que mistura crítica social com uma sonoridade que remete ao pós-punk britânico.
Bons Garotos Vão Para o Inferno
Com as faixas “Nunca Adormeço” e “Alice Não Mora Mais Aqui”, a banda entrega um som melancólico e introspectivo, característico do pós-punk, com influências de bandas como Joy Division.
Com as faixas “Nunca Adormeço” e “Alice Não Mora Mais Aqui”, a banda entrega um som melancólico e introspectivo, característico do pós-punk, com influências de bandas como Joy Division.
Pós Meridion
Em “Saudade” e “Senhor dos Senhores”, o Pós Meridion explora atmosferas densas e letras existenciais, criando um som que mescla elementos do rock alternativo com nuances experimentais.
Em “Saudade” e “Senhor dos Senhores”, o Pós Meridion explora atmosferas densas e letras existenciais, criando um som que mescla elementos do rock alternativo com nuances experimentais.
Tessália
As faixas “Falset” e “Melilla” destacam a abordagem mais experimental da Tessália, com estruturas musicais não convencionais e uma sonoridade que desafia categorizações fáceis.
O pós-punk brasileiro dos anos 80, embora marginalizado pela grande mídia, floresceu como uma cena rica e diversificada, com cada polo regional (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sul e outros) contribuindo com sonoridades e letras que refletiam suas próprias realidades e influências. Essa efervescência criativa, marcada pela experimentação e pela crítica social, deixou um legado duradouro que continua a inspirar e a ser redescoberto, provando a vitalidade do underground musical brasileiro. NÓS, do Anorexia Zine, propusemo-nos a árdua tarefa de esmiuçar essas preciosidades, esperamos que nossos caros leitores se deleitem e se aprofundem nesta seara sonora.
As faixas “Falset” e “Melilla” destacam a abordagem mais experimental da Tessália, com estruturas musicais não convencionais e uma sonoridade que desafia categorizações fáceis.
O pós-punk brasileiro dos anos 80, embora marginalizado pela grande mídia, floresceu como uma cena rica e diversificada, com cada polo regional (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sul e outros) contribuindo com sonoridades e letras que refletiam suas próprias realidades e influências. Essa efervescência criativa, marcada pela experimentação e pela crítica social, deixou um legado duradouro que continua a inspirar e a ser redescoberto, provando a vitalidade do underground musical brasileiro. NÓS, do Anorexia Zine, propusemo-nos a árdua tarefa de esmiuçar essas preciosidades, esperamos que nossos caros leitores se deleitem e se aprofundem nesta seara sonora.
The 1980s in Brazil were a period of cultural effervescence, marked by the transition from military dictatorship to redemocratization. In this context of upheaval and questioning, a rich and diverse post-punk scene flourished, echoing international trends in the genre while absorbing the unique particularities of the Brazilian landscape.
Brazilian post-punk was not a homogeneous movement, but rather a melting pot of influences ranging from gothic rock and new wave to the original punk, infused with elements of Brazilian music and literature.
Bands from that era shared a dark and melancholic atmosphere, expressing existential angst, social and political criticism, and a certain disenchantment with the patriotic optimism of the time. Sonic experimentation was a hallmark, with the use of synthesizers, effect-laden guitars, pulsating basslines, and driving drums, creating dense textures and moody atmospheres.
To illustrate the richness of this scene, we highlight a number of bands that left their mark, grouped according to their sonic and thematic nuances.
It’s inevitable to start with São Paulo, where the gray aesthetics of the metropolis fit the post-punk ethos like a glove. The city gave birth to essential bands such as:
As Mercenárias: An all-female band with an aggressive sound and powerful lyrics, tackling themes such as feminism and social critique from a unique perspective. Fierce and politically sharp, they left a visceral legacy with albums like Cadê as Armas?
Chance – led by Sandra Coutinho (also from As Mercenárias), explored layered textures and steady beats.
Cabine C: With a dark sound and introspective lyrics, this São Paulo-based band delved into the more melancholic and gothic side of post-punk.
Fellini: Fronted by Thomas Green Morton, they mixed post-punk with art rock and psychedelia, creating a unique and experimental sound.
Violeta de Outono: With their atmospheric and psychedelic sound, they crafted ethereal sonic landscapes, strongly influenced by dream pop and post-punk.
Voluntários da Pátria – known for critical lyrics and a direct sound reminiscent of British post-punk.
Akira S e as Garotas que Erraram – electronic experimentation and an androgynous aesthetic with industrial leanings.
Smack – raw, dirty, and urgent, they were a major exponent of the garage-leaning side of post-punk.
Vzyadoq Moe – cult favorite for their dissonant sound and dense atmospheres, influenced by Dutch-style post-punk (ultra).
Patife Band – led by Paulo Barnabé, mixing post-punk, dodecaphony, and urban chaos.
Harry – atmospheric and heavy, with coldwave influences and English lyrics.
Eskimo – cold sound with minimalist synthesizers, heavily influenced by bands like Tuxedomoon.
Nau – best known for having Vange Leonel on vocals; dense sound with strong social critique.
Kafka – obscure, with literary existentialist influences and cold sonic textures.
As Garotas do Centro: Formed in São Paulo in 1985, their sound was marked by minimalism and a strong performative presence. Their track carried an "international ardor," punning on their hit’s title.
Zero – formed in 1983, one of the pioneers of the New Romantic movement in Brazil, initially with a post-punk sound that evolved into art rock with new wave influences. Led by Guilherme Isnard, they scored hits like "Heróis" and "Agora Eu Sei" in the '80s.
Varsóvia – active in the early '80s, strongly influenced by the dark post-punk of Joy Division, with introspective lyrics and melancholic melodies.
As Virgens Lagarto – a São Paulo-based band from the early '80s, characterized by theatrical performances and biting post-punk with gothic rock influences from bands like The Mission.
Pompas Fúnebres – another São Paulo band from the early '80s, deeply influenced by gothic and dark post-punk, with nihilistic lyrics and a dense, melancholic sound.
Gang 90 & As Absurdetes – seminal to the Brazilian post-punk and new wave scene, led by the charismatic Fernanda Abreu. With ironic lyrics and danceable melodies, they mixed pop sensibilities with post-punk transgression, producing hits like "Perdidos na Selva."
Poetas Condenados – a São Paulo band from the early '80s that, before forming Balcma, explored a post-punk sound filled with urban poetry and melancholy. This early phase paved the way for the more theatrical and refined sonority that Balcma would later develop.
Os Idas e os Voltas – also from São Paulo, they navigated post-punk and new wave with urban themes and peculiar relationship musings, blending melancholy with experimentation in the early underground scene.
Maria Angélica Não Mora Mais Aqui – post-punk band from São Paulo, active in the early '80s, known for poetic lyrics and a melancholic, atmospheric sound with European post-punk influences. Their standout hit: Absinto-me.
In Rio de Janeiro, a city known for other musical traditions, post-punk found a smaller but highly creative niche:
Ethiopia – formed by Pascoal Ferrari (vocals), Pollo Rios (guitar), Vicente Tardin (bass), and Lúcio Agra (drums), the band left a mark on the '80s Rio scene with somber compositions and minimal arrangements.
Hojerizah – emerged in the '80s mixing post-punk, new wave, and a pop lyricism that set them apart. With introspective lyrics and ethereal guitars, they flirted with British aesthetics while retaining a Rio accent. Their 1988 self-titled album is a cult classic of Brazilian alternative rock.
Picassos Falsos – while more aligned with alternative rock, their sound showed clear post-punk influence.
Black Future – blended synthpunk elements with heavy social criticism.
Minas Gerais: The Melancholy of the Mountains
Belo Horizonte proved to be a hotbed for underground bands exploring melancholy and existentialism, giving the local post-punk a unique atmosphere:
R. Mutt – important to the independent movement in BH, with introspective lyrics and a European-influenced sound.
Divergência Socialista – led by Marcelo Dolabela, this band brought political and social criticism with experimental and sometimes minimalist sound.
Sexo Explícito – cult band combining social critique, urban poetry, and sharp guitars into a raw and unique sound.
Divinil – obscure yet essential for understanding the diversity of the BH underground scene.
O Último Número – dense sound with an oppressive atmosphere and echoes of Joy Division and Bauhaus.
Southern Brazil: Post-Punk Down South
The South, especially Porto Alegre and Curitiba, offered fertile ground for post-punk—perhaps influenced by the colder climate and social tensions, resulting in dark sounds and heavy lyrics:
Os Eles – obscure and experimental, far from the mainstream, exploring unique soundscapes and heavy atmospheres.
Escambau – a project from Curitiba dedicated to exploring dense and dark textures characteristic of post-punk.
Other Hidden Gems Across Brazil
Beyond the major urban centers, Brazilian post-punk also thrived in lesser-known regions, with bands now cult-adored for their originality:
Hombres (DF) – created introspective and somber atmospheres with existentialist lyrics.
Analfabitles (PE) – mixed post-punk sonorities with regional influences, resulting in a distinct musical identity.
Mundo Livre S/A (early phase) – before becoming a key player in the manguebeat movement, their early sound leaned more towards post-punk.
Detrito Federal – although originally punk, some tracks leaned heavily into post-punk territories.
Liga Tripa – experimental performance with dreamlike lyrics and abrasive soundscapes.
Arte no Escuro – melodic and melancholic rock with a strong following in Brasília.
Elite Sofisticada – sarcastic lyrics with a post-punk/new wave vibe.
Finis Africae – formed in 1984, mixed post-punk with existentialist lyrics, gaining underground recognition with the track Armadilha.
5 Generais – active in Brasília in the '80s, known for their critical and politically engaged lyrics, delivered through a raw and direct sound. Worth noting is their Portuguese cover of "Marian" by Sisters of Mercy.
The compilations “Não São Paulo,” “Rumores,” and “Cemitério dos Elefantes” are key records of the Brazilian post-punk and underground scenes of the 1980s, each with its own geographic and artistic focus:
"Não São Paulo" – Released by the Baratos Afins label, this compilation aimed to showcase bands that didn’t quite fit the Rio-São Paulo mainstream axis, revealing the diversity of Brazil's alternative music scene. Inspired by NYC’s No Wave, it featured experimental sounds and fiercely independent acts.
"Rumores" – Independently produced in Brasília and released in 1985 by Sebo do Disco, this landmark compilation highlighted bands like Escola de Escândalos, Finis Africae, and Detrito Federal, showcasing the strength and originality of Brasília’s post-punk scene.
"Cemitério dos Elefantes" – Released in 1989, focused on Curitiba’s underground scene. It featured bands exploring dark and experimental post-punk, reflecting the region’s tensions and moody climate. It served as a unique document of the local creativity beyond Brazil’s cultural centers.
A brief look at each band featured in Cemitério dos Elefantes:
Beijo AA Força – With tracks “Homem de Ferro” and “Diário de um Palestino,” they offer a raw and direct sound that flirts with both punk and post-punk.
Ídolos de Matinê – Songs like “Vamos Separar os Estados Unidos da América” and “O Inimigo” showcase their sarcastic, political style reminiscent of British post-punk.
Bons Garotos Vão Para o Inferno – With melancholic and introspective songs like “Nunca Adormeço” and “Alice Não Mora Mais Aqui,” clearly influenced by Joy Division.
Pós Meridion – On “Saudade” and “Senhor dos Senhores,” they create dense atmospheres and existential lyrics, blending alternative rock with experimental flair.
Tessália – Their tracks “Falset” and “Melilla” highlight a more experimental approach, with nontraditional structures and a sound that defies easy categorization.
Brazilian post-punk in the 1980s, though marginalized by mainstream media, flourished as a rich and diverse scene, with each region (São Paulo, Rio, Minas, the South, and beyond) contributing with sounds and lyrics reflecting their own realities and influences. This creative fervor, marked by experimentation and social critique, left a lasting legacy that continues to inspire and be rediscovered, proving the vitality of Brazil's musical underground.
We, at Anorexia Zine, have taken on the demanding task of digging deep into these gems, and we hope our dear readers will take pleasure in and dive deeper into this sonic realm.
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