segunda-feira, 7 de abril de 2025

Ludus

No turbilhão criativo e transgressor do pós-punk britânico, emergiu uma banda que se recusava a ser encaixada em rótulos fáceis: Ludus. Fundada pela figura enigmática de Linder Sterling, artista visual com uma estética tão impactante quanto sua voz (lembremos de sua arte para Buzzcocks e Magazine), e pelo ex-Manicured Noise, Arthur Kadmon, a banda rapidamente se solidificou com a chegada de Philip "Toby" Tomanov na bateria e Willie Trotter no baixo.

Sua estreia ao vivo em 1978, abrindo para o The Pop Group, já prenunciava algo especial. A crítica inicial não tardou, e Paul Morley da NME capturou a essência do Ludus com uma poesia perspicaz: "Ludus são tudo menos ordinários... Arthur fornece os sólidos, Linder as sombras; Arthur a chuva, Linder o vento." Essa dualidade, essa dança entre o concreto e o etéreo, definia a sonoridade única da banda. Uma música que, nas palavras de Morley, "arrepiava e aquecia", com letras que "assustavam e confortavam".

A breve mas intensa fase inicial viu a banda dividir palcos com nomes como Buzzcocks e Magazine, consolidando sua presença na efervescente cena punk e pós-punk. No entanto, a saída de Kadmon e Trotter em 1979 marcou uma inflexão. A chegada de Ian Devine abriu caminho para experimentações sonoras ainda mais audaciosas. O Ludus mergulhou em territórios inexplorados, flertando com o jazz, a improvisação e, numa fase posterior sob o selo Les Disques du Crepuscule, até mesmo com a delicadeza do pop francês.

A ousadia do Ludus não se limitava à música. A performance de Linder no The Haçienda em 1982, vestida com um vestido de carne crua, tornou-se um marco da sua postura provocadora e da sua recusa em conformar-se com as expectativas. Essa imagem chocante e visceral era um reflexo da intensidade e da singularidade da sua arte.

Apesar de sua trajetória relativamente curta, encerrada em 1983 após um período em Bruxelas, o legado do Ludus ressoa até hoje. A admiração de figuras como Morrissey, que escreveu emocionadas notas para uma coletânea nunca lançada, atesta o impacto duradouro da banda.

Suas palavras finais são um testemunho da conexão profunda que a música do Ludus estabeleceu: "Pessoas que conhecem o verdadeiro gênio vão amar este disco... O seu canto deixa-me sem fôlego... Os nossos espíritos estridentes ainda deslizam pelas ruas feias de Manchester... os nossos corações danificados por demasiados ataques aéreos."

O Ludus pode ter sido uma sombra fugaz na história da música, mas sua singularidade, sua coragem em desafiar convenções e a voz inesquecível de Linder Sterling garantem seu lugar como uma joia rara e influente do pós-punk. Uma banda para ser redescoberta e apreciada em toda a sua beleza sombria e inovadora. A banda findou em 1984, mas deixaram seu legado na história pós-punk de Manchester.

Discografia

The Seduction  (1981)
Danger Came Smiling (1982)

Singles & EPs

The Visit (1980)
Pickpocket (1981)
"My Cherry Is in Sherry" (1980)
"Mother's Hour" (1981)
Completement Nue Au Soleil (1982)
"Breaking the Rules" (1983)

 


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