Surgida da fervilhante Liverpool pós-punk do final dos anos 70, The Teardrop Explodes nasceu oficialmente em 1978, mas sua gênese remonta aos primórdios da cena local, com Julian Cope (baixista), vocalista e eventual figura central do grupo, tendo integrado a fugaz (mas mitológica) The Crucial Three, ao lado de Pete Wylie (Wah!) e Ian McCulloch (Echo & the Bunnymen). Três egos inflamáveis que mal duraram juntos, mas deixaram sementes em algumas das bandas mais emblemáticas da nova psicodelia britânica.
Entre o art rock, o pós-punk e uma psicodelia relida à luz do final dos anos 70, os Teardrop Explodes rapidamente chamaram atenção com seu primeiro single, “Sleeping Gas” (1979), lançado pela Zoo Records, selo fundado por Bill Drummond, que também gerenciava a banda. Antes disso, uma encarnação inicial do grupo, chamada A Shallow Madness, chegou a contar com McCulloch nos vocais, numa colaboração instável que prenunciava as futuras rusgas entre ele e Cope.
A formação que gravaria o debut Kilimanjaro (1980) incluía Gary Dwyer na bateria, Mick Finkler na guitarra e Paul Simpson (do futuro Wild Swans) nos teclados, depois substituído por David Balfe, cofundador da Zoo. Com um som que evocava tanto os riffs ácidos do final dos 60 quanto os ritmos enérgicos do pós-punk, o álbum chegou à 24ª posição nas paradas britânicas e ganharia edições futuras incluindo o hit “Reward”, que alçou a banda ao Top 10 e os levou ao Top of the Pops. Nesta apresentação, Cope apareceu usando uma fronha de travesseiro como camiseta, declarando posteriormente estar sob efeito de LSD.
A instabilidade interna, porém, já fazia parte da equação. Finkler saiu durante as gravações de Kilimanjaro, sendo substituído por Alan Gill (ex-Dalek I Love You), que por sua vez deu lugar a Troy Tate. Enquanto isso, singles como “Treason”, “When I Dream” e “Passionate Friend” (supostamente escrita sobre um affair de Cope com a irmã de McCulloch) mantinham o grupo em destaque musical e tablóide.
Em 1981, lançam o segundo álbum, Wilder, que apesar de conter momentos inventivos e letras carregadas de lirismo e alienação pop, não repetiu o sucesso do disco anterior. As tensões entre os membros se acirraram, especialmente entre Cope e Balfe, e o clima nas gravações do terceiro disco tornou-se insustentável. Cope chegou a abandonar o estúdio antes do álbum ser concluído, e a turnê subsequente foi, segundo ele próprio, um “desastre em câmera lenta”.
A banda implodiu em 1982, e Cope iniciou sua longa e imprevisível carreira solo. As gravações inacabadas foram deixadas de lado até 1990, quando finalmente vieram à tona sob o título irônico Everybody Wants to Shag... The Teardrop Explodes, um registro cru, esparso e psicodélico, que mais parece um eco distorcido de um sonho abandonado.
The Teardrop Explodes foi uma faísca breve, mas intensa um experimento explosivo entre o pop ácido e o art punk, que ainda hoje soa como uma cápsula efervescente do que a psicodelia dos anos 80 poderia ter sido.